segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Pescador de Conversas

Finalmente sexta-feira! Dia de dormir tarde, comer chocolate e outras “gorduras”, assistir séries no Netflix durante  madrugada. Ahhh, é meu dia da semana favorito!
Espero meu pai até tarde na escola, como de costume nas sextas-feiras, por causa do caos que fica essa tal de “São Paulo”. Como estou sempre faminta, saio para comprar uma coxinha em um restaurante árabe perto da escola (hoje é sexta, hoje eu posso). Huum, coxinha, um dos melhores alimentos “não saudáveis” da face da Terra!
Volto para a escola pensando em que engarrafamento ele pode estar.
Enquanto me distraio com os penamentos o tempo vai passando e meu pai finalmente chega.
No caminho de casa é tudo igual às outras sextas-feiras. Fico sentada no carro, conversando com meu pai sobre o dia de aula e observando aqueles faróis vermelhos dos carros parados, por conta do trânsito. E o pior, sempre a faixa que estamos, fica parada, e as outras andando. Quando meu pai finalmente resolve mudar de faixa, adivinha só: a faixa para qual ele muda fica parada e a que ele acabou de sair começa a andar. Dizem que isso é a tal de  Lei de Murphy, não consigo pensar em lei mais chata que essa, que faz a gente sempre se dar mal…
Chego na rua da minha casa: carros passando, pessoas caminhando com seus cachorros e a padaria, como sempre cheia, com o segurança, os donos, funcionários, clientes e... e um velhinho que está em frente a padaria com sua cadela. Mas pera, esse não é UM velhinho, é O velhinho, que fica TODO DIA na frente dessa padaria com sua cadela!
O velhinho sempre usa uma camisa pólo clara e calças bege. A cadela, é da raça golden retriever, usa uma coleira azul, que fica em volta do pescoço e se estende por parte das costas.
Comecei a observar o que o velhinho fazia lá. Na maioria do tempo, fica parado, segura sua cadela e mexe a boca. No começo achei que ele estava comendo algo, mas depois, percebi que estava falando com o segurança da padaria. As vezes, alguém para sua caminhada na rua e faz um carinho rápido na cadela, mas o velhinho dispara a falar, tentando prender a “vítima” na sua conversa.
Cheguei em casa, tomei banho, jantei. Cansada de assistir televisão, fui a varanda. E adivinhe quem ainda estava em frente a padaria, no mesmo lugar? O velhinho e sua cadela!
Fiquei imaginando que aquele velhinho devia ser solitário, precisando de ouvintes para suas histórias. Será que ele estaria tentando construir uma amizade com o segurança? A cadela continua deitada no mesmo lugar. Ela me parece um lindo imã para atrair pessoas, mas também uma ótima companheira. Vejo como o velhinho a olha com carinho, lhe fazendo afagos.

O telefone toca e vou atende-lo. Olho pela ultima vez em direção a padaria e vejo que o velhinho está se despedindo do segurança. Ele e sua cadela atravessam a rua, provavelmente à caminho de sua casa. Mais uma sexta-feira comum, mais uma sexta-feira extraordinária.

Um comentário:

  1. Muito legal, Manu!
    Texto bem escrito, bem pontuado, Sugestão de final: mais uma sexta feira comum, mais uma sexta feira extraordinária.
    bom trabalho!
    Luana

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